Distúrbios de micção - IUN - Urologia

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Notícia

Distúrbios de micção

Neuromodulação para distúrbios da micção

Marca-passo vesical é indicado quando o tratamento convencional não surtiu efeito

Neuromodulação é um tipo de tratamento que visa a melhorar o funcionamento ou a sensibilidade de um ou mais órgãos através da estimulação dos seus nervos. Através de estímulos elétricos, que agem diretamente nos nervos, promovem-se modificações no funcionamento ou na sensibilidade dos órgãos acometidos por diferentes problemas. A estimulação desses nervos produz uma resposta biológica que melhora os sintomas do paciente. Tem sido utilizada por médicos de diferentes especialidades, incluindo urologistas, neurologistas, neurocirurgiões e fisiatras.

“O tratamento requer o implante de um eletrodo, que fica em contato com os nervos envolvidos no controle da função da bexiga e uretra”

O controle neurológico da bexiga e uretra está localizado em diferentes níveis do sistema nervoso, incluindo cérebro, tronco cerebral, medula e nervos periféricos. A inervação vesical normal pode ser afetada em várias situações, o que pode causar distúrbios do controle da micção e dores vesicais ou pélvicas. Em outros casos, o controle miccional é afetado sem que exista um problema neurológico detectável. Nas duas circunstâncias a neuromodulação pode ser uma alternativa para recuperar o controle miccional.

O tratamento requer o implante de um eletrodo, que fica em contato com os nervos envolvidos no controle da função da bexiga e uretra. Esses eletrodos permanecem conectados a um gerador, que fornece estímulo elétrico de baixa voltagem aos nervos, produzindo os efeitos desejados. Esse mecanismo de funcionamento assemelha-se ao de um marca-passo cardíaco, que é implantado para corrigir arritmia cardíaca e baseia-se num sistema muito semelhante de eletrodo ligado a um gerador de estímulos elétricos.

“Uma grande vantagem da neuromodulação sacral é que seus efeitos podem ser testados antes da implantação definitiva dos eletrodos, o que permite ao paciente e ao seu médico decidirem se o tratamento é eficaz em poucos dias”

Existem diferentes formas de neuromodulação para o tratamento de distúrbios da bexiga e dor pélvica. A neuromodulação sacral é a mais comum, com maior número de aplicações e a que tem melhores resultados. Pode ser usada para tratar pacientes com bexiga hiperativa, incontinência urinária, dificuldade para urinar ou dores pélvicas crônicas.

Por ser um tratamento minimamente invasivo, deve ser reservado aos pacientes que não apresentaram melhora com tratamentos convencionais como o uso de medicamentos e a fisioterapia. Uma grande vantagem da neuromodulação sacral é que seus efeitos podem ser testados antes da implantação definitiva dos eletrodos, o que permite ao paciente e ao seu médico decidirem se o tratamento é eficaz em poucos dias.

Veja em que casos pode-se usar a neuromodulação sacral:

 

A síndrome da bexiga hiperativa é caracterizada pelos sintomas de urgência para urinar, aumento da frequência de micções durante o dia e também à noite. Alguns chegam a urinar com intervalos menores do que 30 minutos. Muitos pacientes podem ter incontinência urinária por não conseguirem chegar ao banheiro a tempo. O tratamento convencional é com uso de medicamentos ou fisioterapia. No entanto, muitos pacientes podem não responder a esses tratamentos ou desenvolver efeitos adversos. Nessas circunstâncias, a neuromodulação sacral pode ser uma alternativa eficaz de tratamento.

Na Europa e nos Estados Unidos vem sendo utilizada em milhares de pacientes há vários anos. Os pacientes interessados nessa forma de tratamento são submetidos a um teste, no qual se faz um implante percutâneo do eletrodo na região sacral. Trata-se de procedimento rápido e simples, realizado em regime ambulatorial. O paciente permanece alguns dias com o eletrodo, observando-se os efeitos sobre os sintomas urinários. Cerca de 80% dos pacientes apresentam melhora significativa dos sintomas e são submetidos ao implante permanente.

A retenção urinária é caracterizada pela dificuldade ou impossibilidade de urinar. Pode ser causada por várias doenças e geralmente é tratada com sucesso através do uso de medicamentos ou cirurgias. Entretanto, existe um grupo de pacientes com retenção urinária que não melhora com as formas habituais de tratamento. Nesses casos, a bexiga perdeu sua capacidade habitual de contrair e eliminar a urina, e as cirurgias ou tratamentos medicamentosos não são capazes de restabelecer a micção espontânea. Muitos pacientes permanecem com sonda vesical ou precisam passar uma sonda para esvaziar a bexiga algumas vezes por dia. O procedimento de neuromodulação é realizado da mesma forma que o descrito acima para a bexiga hiperativa. Estudos demonstraram retorno das micções espontâneas em até 70% dos pacientes.

A síndrome da dor vesical ou cistite intersticial é caracterizada pela presença de dor vesical que aumenta progressivamente com o enchimento da bexiga. Afeta principalmente as mulheres e caracteriza-se por desconforto constante na região da bexiga, que se torna mais intenso com o enchimento. A capacidade da bexiga é geralmente muito pequena, fazendo com que as pacientes tenham que urinar com intervalos muito curtos durante o dia e a noite. Esses sintomas podem ter outras causas, como pedra na bexiga, endometriose, tumores e infecções. Assim, o diagnóstico deve ser realizado por um urologista.

Geralmente é tratada com sucesso através do uso de medicamentos por via oral ou colocados diretamente na bexiga. Algumas pacientes não melhoram com as alternativas terapêuticas habituais. Nesses casos, a neuromodulação pode ser uma alternativa. O procedimento é realizado da mesma forma que descrito acima para a bexiga hiperativa e acompanha-se de melhora significativa em até 60% das pacientes.

Efeitos adversos e problemas da neuromodulação:

Como discutido, a neuromodulação sacral pode ser muito eficaz em pacientes selecionados. Entretanto, há possíveis efeitos adversos associados ao seu uso. Os mais comuns são o deslocamento do eletrodo (com perda do efeito do tratamento), o aparecimento de dor no local do gerador ou do eletrodo e infecções. Além disso, os efeitos benéficos podem diminuir com o tempo, requerendo novos tratamentos. Outro inconveniente é a necessidade de troca da bateria do gerador, após alguns anos de funcionamento.

Finalmente, por ser um tratamento sofisticado e que envolve refinamentos tecnológicos, o custo dos equipamentos é elevado e nem sempre há cobertura pelos planos de saúde.

Fonte:SBU